Márcia Velasco CRP 05/20600, Mestre em Psicologia pela PUC-Rio, Psicóloga Clínica e Hospitalar, Coord dos Serviços de Psicologia dos Hospitais Memorial do Eng. de Dentro, Assim Méier e Tijuca, Coord da Pós-graduação dos Cursos de Pós-graduação em Psicologia Hospitalar e da Saúde da Universidade Santa Úrsula (USU) e da Veiga de Almeida (UVA), Psico-oncologia (USU) e Psicologia em Oncologia (UVA) Diretora Executiva da Partner Treinamento e Desenvolvimento.

Psi. Márcia Velasco

Depressão, uma doença contemporânea

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A depressão é um transtorno mental de grande relevância na contemporaneidade, do qual pudemos notar um aumento expressivo de diagnósticos desde a década de 1970 (KEHL, 2009) . A Medicina, em especial a Psiquiatria, e a Psicologia, vem buscando explicações para a depressão, bem como uma tentativa de construir modelos de compreensão de seus primórdios no psiquismo, com sua semelhança e relação com os estados de ânimo entristecido e pessimista que o sujeito tem enfrentado ao longo da História, muitas vezes explicitados na prosa e poesia dos renomados autores das nobres artes.

As escolas tradicionais de Psiquiatria e Psicopatologia nos deixaram um legado que possibilitam um diagnóstico criterioso da depressão, a partir de instrumentos como a Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID-10), o Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais (DSM-V), e os diversos manuais de Psicopatologia e Psiquiatria.

Segundo os dados estatísticos da Organização Mundial de Saúde(2012) , é estimado o número de 350 milhões de pessoas afetadas pela depressão no mundo. A depressão difere das tristezas cotidianas e oscilações de humor ocasionais, provenientes de situações de vida comuns da pessoa, pela sua intensidade do sofrimento. Quando a depressão tem duração prolongada, se torna uma condição grave de saúde, por conta das debilitações resultantes em todas as esferas da vida particular da pessoa. A depressão também é vista como uma causa importante para o suicídio, tendo como número estimado de 1 milhão de mortes anuais causadas por suicídio no mundo.

Nota-se também nos dados da OMS(2012) que hoje a depressão, nas suas diversas formas, configura-se como transtorno com fatores biopsicossociais. Assim, salientamos a importância de um acompanhamento psicológico nos casos de depressão. Ainda segundo esta organização, a depressão é uma das causas fundamentais da incapacitação dos sujeitos, tendo em vista os obstáculos aparentes ao seu devido tratamento, e o tempo levado pra que se alcance eficácia terapêutica por conta dos tratamentos prolongados.

O CID-10 codifica e categoriza doenças e transtornos para que possamos servir de classificações facilitadoras na elaboração de documentos e diagnósticos da área de saúde. No capítulo V temos a seção de Transtornos Mentais e Comportamentais, que incluem as classificações F00 até F99.

A classificação F32 refere-se aos episódios únicos depressivos, que podem ser considerados leves, moderados ou graves. Nota-se rebaixamento do humor e dos níveis de atividade física, além do desinteresse, diminuição da sensação de prazer e da concentração e cansaço físico frequente. São comuns alterações de sono e apetite, assim como quedas na autoconfiança, autoestima e ideias depreciativas e culpabilidade notável. Nota-se ainda, pouca variação desta queda de nível de humos ao longo dos dias, assim como são notadas alterações de peso, lentidão psicomotora ou um agravamento matinal do estado depressivo.

1 – KEHL,Maria Rita.O tempo e o cão.São Paulo:Boitempo,2009.
2 – OMS. Depression fact sheet n0 369.Geneva,Switzerland, 2012.Disponível em: http://www.who.int/mediacenter/factsheets/fs369/en/

O episódio depressivo leve (F32.0) configura-se pela observação de 2 ou 3 os sintomas citados, e geralmente nota-se que o sujeito não fica incapacitado mediante os sintomas sofridos. O episódio depressivo moderado (F32.1) é notado pela aparição de 4 ou mais sintomas, e o sujeito sofre dificuldade no desempenho de suas atividades por conta do sofrimento casado pelos sintomas.

Os episódios depressivos graves podem se apresentar sem sintomas psicóticos (F32.2), no qual nota-se perda de autoestima e excessos de culpabilidade e desvalorização de si, e possivelmente há ideação e tentativas suicidas, e muitos dos sintomas são somáticos.

As definições psicopatológicas das síndromes e dos transtornos depressivos nos parece servir como instrumento fundamental para aliar o trabalho da Medicina, em especial da Psiquiatria, com o trabalho da Psicologia, na precisa identificação das aparições de pessoas com sintomas depressivos. Tanto o médico quanto o psicólogo podem fazer bom uso um diagnóstico preciso da depressão para que providências psicoterapêuticas e/ou medicamentosas sejam tomadas.

A depressão tem elementos fundamentais geralmente caracterizados pelo humor triste e o desânimo. A tristeza, o choro, a apatia, caracterizada pela indiferença em relação à vida, às pessoas, o sentimento de ausência de sentimentos, como a incapacidade de se dar conta do que sente ou poderia sentir; o humor aborrecido de foram crônica, aliado ao sentimento de tédio; o aumento da irritabilidade, manifestada especialmente quanto à presença de determinadas ou quaisquer pessoas, ruídos proveniente do meio se tornam incômodos, incluindo também vozes, músicas, e outras situações às quais a pessoa é submetida; os sentimentos de ansiedade, desespero, angústia e a falta de esperança. Estes sentimentos, sensações e incômodos são sérios e precisam ser cuidados. Ressaltamos a necessidade urgente da procurara de um médico especialista e não deixar de fazer um tratamento psicoterápico.

A depressão pode matar. Cuide-se!
Fabio Burlá e Márcia Velasco